terça-feira, 27 de abril de 2010

Efeito Dominó II

Estava falando agora mesmo com uma super, super, super amiga que é provavelmente a maior incentivadora desse meu blog.  Valorizo muito tudo o que ela me diz porque sei que a crítica dela é honesta e que além do mais ela é muito exigente.  Depois de nos despedirmos fiquei pensando que a primeira pessoa a "incorporar" todas as minhas sugestões foi a Adriana.  Ela sempre comenta as coisas que eu escrevi e como tem sido a experiência deles, lá do outro lado do Atlântico, de ler juntos.

Há algumas semanas fizeram uma viagem linda, visitando amigos e cidades maravilhosas.  Quando voltaram para casa a Adri me contou que tinha tirado algumas fotos pensando em mim.  Fui correndo ver quais eram e nem precisei procurar muito.  Uma biblioteca pública, liiiiinda de morrer; um filho esparramado num pufe com um livro aberto, completamente desligado do que existia à sua volta; uma mãe com um filho de cada lado, o menino com seu próprio livro aberto no colo, mas com os olhos fixos naquele que a mãe estava lendo e a menina com a cabeça apoiada no ombro da mãe, atenta ao desenrolar da história.

O livro que estou lendo agora se chama Reading Magic e foi escrito por uma autora australiana chamada Mem Fox.  É uma pena que este livro não esteja traduzido para o português ainda.  A Mem Fox diz que a leitura em voz alta, feita entre pais e filhos tem um poder transformador.  Tem um trecho muito lindo no livro em que ela diz o seguinte (numa tradução meio capenga...):

"Quando nos dedicamos a ler em voz alta para as crianças, estabelecemos um vínculo muito forte com elas numa sociedade secreta relacionada aos livros que compartilhamos...  Não se consegue isso apenas com o livro nem apenas com a criança nem tampouco apenas com o adulto.  Só se consegue isso mediante a relação que se estabelece entre os três e que os une numa suave harmonia."

É exatamente essa harmonia que a foto da Adriana lendo com os filhos dela ilustra.  E esse vínculo não se rompe nunca mais...

Cada vez que eu converso com a Adri aprendo alguma coisa nova a respeito dessa experiência de escrever esse blog.  Comecei a escrevê-lo para mim mesma, mas estou gostando muito de compartilhá-lo com outras pessoas, conhecidas ou não.  Obrigada a cada um que deixa aqui um pedacinho de si quando lê minhas palavras e carrega minhas mensagens por aí.

O livro da Mem Fox foi traduzido para o espanhol.  Acho que vale a pena a dica...

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Efeito Dominó

Uma semana inteirinha sem escrever aqui.  Não foi falta do que falar, mas andei escrevendo tanto nos últimos dias que meus dedos não aguentaram mais teclar.  Tudo bem, essa semana eu compenso o silêncio da semana passada.  E começo contando que a leitura compartilhada é muito mais poderosa do que a gente imagina e que causa sim efeitos colaterais.  Dos melhores.

Na véspera do feriado de 21 de abril fui pegar a Luísa na escola ao meio-dia.  Quem veio correndo na minha direção foi uma das amigonas dela, uma que faz parte de um trio inseparável e muito, muito bacana.  Veio correndo para me mostrar... um livro.  O livro da Cressida Cowell que foi transformado em filme e que eu já comentei lá atrás.  Pois a Lulu andou levando o livro para a escola - ele tem algumas ilustrações divertidas e um mapa que elas usaram para brincar na hora do intervalo.  A amiga gostou.  Pediu para os pais comprarem.  E quis me mostrar... Será que era só por mostrar mesmo?  Afinal já veio da sala com o livro na mão...  Ou será que ela sabia que a Lulu e eu tínhamos lido o livro juntas?

Não deu cinco minutos me aparece a outra - o terceiro componente do trio calafrio.  Quase não acreditei quando ela puxou da mochila... para me mostrar... o mesmo livro!  Também tinha comprado!  Coincidência demais.  Não tinha razão nenhuma prá mocinha abrir a mochila - ela queria era me mostrar o livro mesmo.  Achei muito engraçado.  As duas amigonas da minha filha curtindo o mesmo livro que nós duas lemos juntas. Foi gostoso demais perceber que a Luísa leva para a escola as leituras que compartilhamos e que pelo menos duas pessoas já entraram, de alguma forma, na nossa brincadeira.

Fiquei foi morrendo de vontade de ler um livro com as três.  Quem sabe da próxima vez que estiverem todas aqui em casa...

Em tempo: a Luísa e eu começamos a ler, na semana passada, o segundo livro da série Como Treinar o Seu Dragão, mas eu não tive nem chance de dar continuidade ao assunto.  Ela me largou na mão.  Não aguentou me esperar para ler e resolveu ler o resto sozinha mesmo.  Já está no capítulo 6.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Acho que sem título mesmo ou Algumas Reflexões

Há dias que não leio com ninguém aqui de casa a não ser comigo mesma.  Bom, teve umas vezes que meu marido leu ao meu lado, principalmente antes de dormir, mas ficou ele com seu livro e eu com o meu.  Acho que não dá prá qualificar isso de leitura compartilhada.

A questão é que chegou o fim de semana, a garotada foi visitar os amigos, fomos fazer uns passeios e eu me envolvi com uma tradução que estou amando fazer.  O fato é que a leitura ficou de escanteio.  Por que será que a gente faz isso?  Sempre que aparece alguma coisa que muda um pouco a rotina deixamos a leitura de lado.  Ou pelo menos deixamos o "ler com o outro" de lado.

Não acho que a leitura compartilhada deva ser uma obrigatoriedade - pelo contrário!  Acho que esses momentos devem ser aconchegantes, divertidos, tudo de mais gostoso.  Daqueles que a gente fica esperando o dia inteiro, desejando que cheguem logo.  Ao mesmo tempo sinto que ler requer um esforço - principalmente por parte do leitor.  Explico:

Há que se pensar um pouco para selecionar o que vai se ler para o outro.  Já contei aqui alguns momentos em que a leitura com meus filhos não funcionou porque o que tínhamos selecionado não era bacana - ou porque o tema não interessava ou porque a linguagem era tão difícil que não dava para acompanhar.  Por isso a gente deve ter um cuidado, um cuidadinho, na hora de escolher.  E também é por isso que a maioria das vezes eu leio para a Lulu livros que eu já conheço.  Assim fica mais fácil sentir o "humor" do dia e escolher o que combina mais naquela hora.

Também facilita na hora da leitura propriamente dita.  Não que a gente precise ensaiar antes, mas não conhecer o texto dificulta bastante a "oralização".  Tropeçar em palavras diferentes e sentenças compridas comprometem a fluidez da narração.  Além do mais, quando a gente já conhece a história sabe bem o que enfatizar, o que destacar de uma forma ou de outra.  Tudo prá ficar mais gostoso.

Por último queria dizer que ler para alguém é uma troca.  O leitor tem que estar com o coração aberto para ela.  Quando a gente lê para alguém coloca um pouco (ou um muito?) de si na leitura. Talvez nem sempre estejamos preparados para isso.  Mas não tenho isso muito claro - aceito opiniões.

Li um texto do Francisco Marques, o Chico dos Bonecos, no fim de semana no qual uma professora falava de suas memórias de aluna:  

"A grande lembrança da minha época de escola são os olhos da minha professora quando lia uma história para a turma.  Os seus olhos transitavam das páginas do livro para a turma, da turma para as páginas do livro, num passeio suave, quase um bailado.  Do livro para a turma, da turma para o livro, sem que a leitura sofresse qualquer tropeço.  Suave bailado, das páginas do livro para a turma, da turma para as páginas do livro...  E eu torcia para que os seus olhos de leitora esbarrassem nos meus olhos de ouvinte - e eles sempre esbarravam e até demoravam uns nos outros.  Cheguei a imaginar, na minha imaginação de menina, que a história também estava escrita nos nossos olhos."

Acho que é por aí.  O esforço consiste em saber ler a história nos olhos de quem escuta.  Psicanalistas de plantão podem fazer suas análises : )

E agora, depois de escrever tudo isso, percebo que o que eu estava sentindo não era culpa por não ter achado uns minutinhos para ler com meus filhos.  O que eu estava sentindo era saudade mesmo.

(mas ela já passou porque enquanto eu estava escrevendo isso aqui a Luísa me chamou para ler prá ela antes de dormir.  Aaaaai, que delícia!)


O texto do Chico dos Bonecos se chama Olhos de Ouvinte e está no livro Muitos dedos: enredos: um rio de palavras deságua num mar de brinquedos.
Editora Peirópolis, 2005.

Um super obrigada à Tania Piacentini que foi quem me apresentou ao texto.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Especial para quem é Vô e Vó

No finalzinho de fevereiro me dei de presente uma ida a Santiago do Chile para participar do primeiro Congresso Iberoamericano de Lingua e Literatura Infanto-Juvenil.  O congresso foi organizado pela Fundação SM e foi uma experiência indescritível.  Ali estavam autores e ilustradores de toda a América Latina e Espanha falando sobre um tema apaixonante: literatura infantil.  Nem preciso dizer que cada fala era uma aula para mim e que aprendi horrores.  Mas o que mais me tocava, cada vez que alguém falava, eram as histórias de como cada um tinha se tornado leitor, as memórias que cada um tinha do momento em que realmente se transformou, começou a se enxergar, como leitor.  Agora, mais de um mês depois, olhando minhas anotações, percebo o papel fundamental que os avós tiveram na história de alguns desses muito bem-sucedidos autores e  ilustradores.

A história do Antonio Skármeta, por exemplo, é de arrepiar.  Com certeza não vou conseguir reproduzir aqui, nem com a mesma eloquência, nem com a mesma elegância e bom-humor de Skármeta, a história que ele contou, mas fiquei encantada com o trajeto tão peculiar desse autor chileno.  Skármeta tinha uma avó iugoslava com quem sempre ouvia o rádio.  Ouviam juntos as novelas e nos intervalos dos episódios, a avó ia fazendo previsões e contando para o pequeno Antonio o que aconteceria a seguir.  Antonio escutava atento enquanto desenhava os heróis e vilões dos melodramas até que um dia a avó apagou o rádio e disse para ele:
-Agora você, Antonio.  Você me conta o resto.

Esse foi o seu debut como escritor.

O autor mexicano Juan Villoro compartilhava o sofá com Skármeta nesse bate-papo que foi a inauguração do congresso.  Ele também comentou a forma fascinante da sua avó contar histórias.  Villoro disse, em referência à importância das avós que contam histórias para seus netos, que o clássico "Era uma vez..." deveria se transformar em "Era uma voz..."

Meus filhos têm muita sorte de ter avós que gostam de contar e ler histórias para eles.  Lembro da Maria Ida contando para o Pedro bem pequenininho uma historinha (que ela inventou) do homem que subiu numa escada muito, muito alta para limpar as estrelinhas que estavam sujas no céu.  A Amanda, que é a abuelita da Luísa, sempre, sempre lê com ela quando a Lulu vai dormir na casa dela.  E quando minha mãe foi visitar a gente em São Paulo há uns dois anos a Luísa pediu para que eu por favor não lesse a Pippi Meialonga porque ela queria que a Vovó Amada lesse naquele dia.  E em todos os outros dias que minha mãe esteve lá com a gente.  Eu também me lembro bem do meu avô Antônio que contava histórias de bruxa para os meus primos e para mim quando íamos passar as férias com ele e minha avó Jeannette em Santos.  Ficávamos os seis primos sentados na sala, olhos grudados no Vôzinho, todos se pelando de medo, mas sem nem piscar.

Não sei se há memória mais gostosa do que memória de Vô e de Vó.  E não sei se existe algum leitor que não tenha memória do momento em que se tornou leitor.  Acho que juntar as duas coisas é poderoso.  Portanto queridos Vôs e Vós por aí, não se esqueçam de incluir os livros infantis nas suas listas de compras.  Visitas às bibliotecas e livrarias são programas deliciosos!  Arranjem um canto bem gostoso em casa e abandonem-se no prazer de ler com seus netos. 

Dicas: já que falei de Skármeta e Villoro aí vão duas dicas.  Quem ainda não leu A Redação precisa ler urgentemente!  O Juan Villoro ainda não foi traduzido para o português (que pena!) mas Las Golosinas Secretas é delicioso.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Textos Informativos

Roubei esse título de um artigo que uma amiga me mandou anteontem.  A Alma Carrasco escreve tudo o que eu gostaria de escrever, suas ideias são claras e seu estilo poeticamente didático.  Mas como ainda não aprendi a escrever lindo como ela, vou escrever aqui sobre textos informativos (e do meu jeito mesmo).

No mesmo dia que recebi o artigo da Alma, a Luísa escolheu um livro chamado Invenções Geniais prá gente ler.  Ela anda numa febre de Sítio do Picapau Amarelo porque descobriu que já consegue ler as Caçadas de Pedrinho do Monteiro Lobato.  Como o livro de invenções traz as personagens do Sítio foi esse mesmo que ela escolheu.  A princípio eu não me empolguei muito.  Um livro que ensina a fazer objetos e experimentos?  Como eu iria ler isso prá ela?

Mas a gente não deve mesmo julgar o livro pela capa.  Só de dar uma olhadela pelas primeiras páginas percebi que a leitura seria bacana.  Cada duas páginas traz um tema independente, curtinho, que explica a história das invenções.  Decidimos ler só três temas porque já era tarde.  Foi interessante ver como ela se interessava sobre ferramentas de pedra lascada e a utilização da roda.  Percebi que os textos, realmente curtinhos, não saciaram sua curiosidade.  A Lulu ficava comentando cada sentença que eu terminava de ler e fazendo perguntas que eu, obviamente, nem sempre conseguia responder.

É muito engraçado refletir sobre essa leitura porque quando eu penso em leitura compartilhada geralmente penso em leitura literária.  É difícil definir o que é literário, mas eu basicamente penso em livros ou textos, de ficção ou não, que trazem algum valor estético.  Acho que os textos informativos são diretos e não dão margem a múltiplas interpretações por isso não caberiam nessa categoria.

Mas que perda seria a nossa se deixássemos de incluir textos informativos nas nossas leituras compartilhadas!  Nos momentos de leitura livre na minha sala de aula era claro o interesse que havia pelos livros de ciências, história, enciclopédias e almanaques.  Eu procurava destacar dentro das cestas de leitura livros que tratassem dos temas discutidos nas aulas de matemática, ciências e estudos sociais.  E era tão bacana ver meus alunos lendo juntos, apontando ilustrações, discutindo temas (e às vezes até brigando por um livro determinado)!  Era uma realização total.


Acho que não me dei conta que essas leituras são importantes em qualquer contexto, não só na sala de aula.  Além de estar expondo nossas crianças a tipos de texto diferentes, estaremos também despertando o gosto por leituras diferentes.  E importantes!  Não estamos lidando com textos informativos diariamente?  A Alma diz no texto dela que "se um livro informativo é diferente de um livro narrativo, certamente exigirá formas de leitura diferentes".  Acho que podemos introduzir essas formas de leitura de uma maneira prazerosa, agradável.  Que maneira melhor do que lendo juntos?

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Papo de Sapato

Amo o título desse livro!  Ele é sonoro e engraçado, mas pelo título a gente não consegue imaginar a história linda que está escondida lá dentro.  O Pedro Bandeira é mesmo um craque.  Ontem me surpreendi com um nó na garganta enquanto lia o livro para a Luísa.  Quem diria...  Esse livro também não é novo para mim, nem para a Lulu, mas já fazia um tempinho que não o líamos.  E por primeira vez, que eu me lembre, a força do livro me agarrou de surpresa, foi maior que eu e transbordou.  A voz travou, deu vontade de chorar enquanto lia.

Depois fiquei me perguntando porquê (com acento?  sem acento?  junto?  separado?  preciso de uma aula urgente!!!)  Será que foi porque me esforcei tanto na 'interpretação'?  Não foi proposital, foi acontecendo naturalmente.  A história começa simples e vai crescendo, crescendo até o clímax já pertinho do final.  E que surpresa que esse final me tocasse de tal maneira.  De novo me lembrei do Daniel Pennac que diz no Como um Romance:

"O homem que lê de viva voz se expõe totalmente."

E mais adiante ele continua:

"O homem que lê de viva voz se expõe totalmente aos olhos que o escutam."

E é claro que minha filha não deixou passar o meu tropeço, o meu engasgo.  Rapidamente se achegou a mim e apertou o meu braço, como se me consolasse.  Não sei até que ponto a Luísa entendeu a história.  A mensagem é tão sutil... mas ela entendeu que eu tinha entendido alguma coisa forte.  Ela entendeu que o significado dessa história com ilustrações tão lindas e divertidas (do Ziraldo!), trazia alguma coisa que me emocionou.  Essa troca foi significativa.  Tenho certeza que quando ela for mais velha, mais madura, vai procurar esse livro de novo.

p.s. o livro do Daniel Pennac é simplesmente arrepiante.  Obrigada, Alma, por me apresentar!  Já li duas vezes, de capa a capa, numa sentada só.  Agora estou lendo outro livro dele, Diário de Escola, que também é daqueles que a gente não consegue largar.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Notícia fresquinha

Não posso deixar de compartilhar com vocês uma notícia que acabei de ler.  Copiei parte dela aí embaixo porque é muito boa e serve de exemplo para pais e escolas.

"Com uma nota 20 anos à frente do que se espera para o ensino de 1ª a 4ª série do Estado de São Paulo, a escola estadual Professor Astor Vasques Lopes, do bairro Jardim Brasil, em Itapetininga, conseguiu a melhor pontuação no Idesp (Índice de Desenvolvimento da Educação no Estado de São Paulo), com nota 8,55, conquistando o status de melhor escola de São Paulo. Lá estudam cerca de 380 alunos de média e baixa renda."
 
Que essa escola tenha conseguido resultado tão bom é simplesmente o máximo!  E como?  Como foi que eles conseguiram isso?

"Para conseguir uma excelente pontuação no Saresp, a escola desenvolveu três projetos permanentes que foram fundamentais no resultado do Idesp. Para a diretora Arlete Ansbach, o projeto “Leitura em Família” se tornou um ponto forte para o resultado, uma vez que um dos grandes desafios da escola é a falta de participação dos pais na educação dos filhos. Nesse projeto, a criança leva um livro pra casa e alguém, que pode ser a mãe, pai, tio ou avô, lê esse livro e faz um depoimento por escrito. “A parceria com os pais e familiares tem se tornado um ponto fundamental. As crianças se sentem estimuladas”, comenta."

Acho que nem preciso explicar o por que da minha empolgação, né?  Os outros dois projetos desenvolvidos pela escola são as "Rodas de Leitura" e o "Brincando com a Matemática".   Quem quiser ler o artigo todo tem só que clicar no link aí embaixo.

http://www.guareisp.com.br/Noticias.asp?noticia=4977

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Conhecendo autores

A leitura de hoje foi bem bacana.  Resolvemos escolher uma história curtinha porque a Luísa estava mais a fim de continuar escutando poesias no ipod.  Minha filha intelectual high-tech...  Fiquei feliz em ver que ela tinha trocado o Manu Chao pelo Shel Silverstein.  Adoro o Manu Chao, mas gostei de ver que ela gostou tanto da nossa "leitura" de ontem que hoje foi procurar as poesias por conta própria.

Mas então, voltando à escolha do livro...

Eu sugeri o Felpo Filva, da Eva Furnari, que é uma história linda e romântica.  Ela não se interessou.  Olhou pela prateleira e achou o Cocô de Passarinho.  De quem?  Da Eva Furnari também!  Coincidência pura.  Quando nos sentamos, comecei a ler o título e dizer quem era o autor.  Sempre faço isso: leio o titulo e os nomes do autor e ilustrador.  Acho legal as crianças conhecerem os nomes dos criadores das obras que elas gostam.  Assim podem procurar mais livros de autores com os quais se identifiquem.  Além do mais, elas adoram quando reconhecem o nome do autor e/ou ilustrador. E foi bem isso o que aconteceu hoje.  Quando eu disse:
- Autor: Eva Furnari
A Lulu respondeu:
-Ah!  Eu conheço!
-É a autora do Você Troca?
-E também do Não Confunda...

(aparte: obrigada, Karina, por apresentar a Eva para a Luísa)

A partir daí a interação com o texto já foi diferente.  A história a gente já conhecia, já tinha lido antes e por isso começamos a prestar mais atenção noutras coisas.  Parávamos a cada página para comentar as ilustrações e numa dessas saiu o comentário da Luísa:
-Esses desenhos parecem uma pintura do Salvador Dalí.
Eu nem sabia que minha filha conhecia o Dali...  E o pior é que ela tinha razão.  Eu estava pelejando para lembrar onde tinha visto aqueles traços antes.  Picasso?  Miró?  Não.  Era Dalí mesmo.  A partir daí seguimos lendo e comentando, rindo e analisando cada página, cada detalhezinho.  Foi uma leitura curtinha, mas rica, rica.

Quando acabamos corri no escritório para procurar o Não Confunda, o Você Troca, o Assim Assado e o Travadinhas.  Joguei o Felpo Filva no balaio Eva Furnari.  E ofereci todos prá Lulu ler sozinha.  Acho que ela não teria tomado essa iniciativa - de vez em quando a gente tem que dar uma insistida prá que eles leiam sozinhos também.  Não forcei, só sugeri.  Sorte minha (e dela) que a sugestão foi aceita.  E agora ela está lá, dando risada perdida nos livros.

Ah!  Acabei de me lembrar!  Na escola eles estão lendo Os Problemas da Família Gorgonzola - Eva Furnari na cabeça.  Vou lá correndo contar prá Luísa.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Todo tipo de leitura vale a pena

Hoje o programa de leitura foi demais.  Aliás, não foi leitura, foi "escutura".  Acho que de vez em quando eu gosto de ser audiência e hoje dei um jeito de virar ouvinte com a Luísa em vez de ler para ela.  Estava dando uma olhada nas músicas que estão armazenadas no meu computador e dei de cara com um disco de poesias do livro Where the Sidewalk Ends, narradas pelo próprio Shel Silverstein que é o autor.

A Luísa já conhecia várias delas porque a professora do ano passado lia muita poesia para os alunos e um dos poetas preferidos da criançada é o próprio.  Ficamos um tempão enroscadas na cama, ouvindo a voz deliciosa do Shel S.  Era muito bacana cada vez que ela reconhecia uma poesia.  Dizia, "Ah, essa eu conheço" e pedia para ouvir de novo.  Forte isso.

Volto a repetir que os professores de sala tem um poder tremendo na formação de leitores.  Já faz quase um ano que a Lulu saiu da sala da "Ms. Hansen", mas ela continua lembrando e demonstrando preferencia por aquelas poesias que ela ouviu antes.  Se todos os professores do mundo tirassem dez ou quinze minutos por dia para LER para seus alunos, só pelo simples prazer de ler, o mundo inteiro seria muito mais apaixonado pela leitura.

Confesso que não sou muito leitora de poesia.  Não é que eu não goste, pelo contrário!  Amo poesia.  Mas não é a minha escolha natural, não é o gênero literário que eu procuro geralmente.  Por isso eu talvez não seja muito boa  "leitora" de poesia quando leio em voz alta.  Acho importante, no entanto, apresentar váaaaarios gêneros e estilos diferentes para as crianças e creio que encontrei uma forma legal de dar uma incrementada nas nossas leituras compartilhadas.  Ninguém melhor para ler os poemas do Shel Silverstein do que o próprio Shel.  Não quero dizer com isso que só vamos ler poesia quando eu achar um autor que tenha gravado suas próprias obras.  De jeito nenhum, não é isso!  Mas uma novidade de vez em quando é sempre bom.

E aqui vai uma bem linda, em inglês porque não me atrevo a traduzir, para todos desfrutarem.

No Difference

Small as a peanut,
Big as a giant,
We're all the same size
When we turn off the light.

Rich as a sultan,
Poor as a mite,
We're all worth the same
When we turn off the light.

Red, black or orange,
Yellow or white,
We all look the same
When we turn off the light.

So maybe the way
To make everything right
Is for God to just reach out
And turn off the light!

By Shel Silverstein

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Mais uma de dragões

Estamos num enrosco só com esse livro que começamos a ler na semana passada.  Corremos, corremos, corremos para ler o máximo antes de ir ao cinema e agora parece que estamos indo o mais devagar possível para a história não terminar.  Falta pouquinho, de hoje não passa. 

Acabei não indo ao cinema com a Lulu.  Ela queria ver o filme em 3D e eu não consigo, passo mal, então ela foi com o Felipe.  Fiquei em casa, sentindo uma ansiedadezinha.  E se ela não se interessasse em ler o resto do livro por causa do filme?  Mas me enganei!  Ela voltou encantada com as aventuras do Soluço e seus companheiros vikings, mas disse que o filme era muuuuito diferente do livro: nem melhor, nem pior, só diferente.  Mas igualmente divertido.  Era tarde quando eles voltaram, já tinha passado da hora da cama.  Então ela vestiu o pijama, escovou os dentes e pediu o quê? 

"Mãe, você lê mais um pouquinho do livro antes d'eu dormir?"

Glória total.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Entre Flores e Dragões

Aaaah... A amiga está aqui em casa de novo. Hoje é feriado e elas vão passar o dia juntas por isso já sei que não vou ter vez. Mas não tem problema! Porque ontem nem televisão nem computador foram ligados. Passamos a tarde in-tei-ri-nha envolvidas numa leitura divertidíssima.

Queríamos terminar a Flor do Cerrado - falta tão pouquinho! - mas não resistimos e... começamos a ler outro livro! Só porque tem um filme novo passando nos cinemas que a Lulu e eu estamos louquinhas para assistir. Chama-se Como Treinar Seu Dragão e, como já era de se esperar, foi baseado num livro da Cressida Cowell. Os livros dela são divertidíssimos e por sorte tínhamos o primeiro deles aqui. How to Train Your Dragon é um livro que eu comprei para o Pedro há um tempão e agora a Luísa vai poder desfrutar dele também.

Aconteceu um monte de coisas que nos levaram a ler esse livro juntas. Ela chegou da escola há dois dias contando que as amigas tinham assistido um filme muuuuito legal e que ela também queria ir assisti-lo. Quando ela abriu o saquinho da revista Recreio que tinha chegado aqui em casa na segunda-feira de manhã, percebeu que tinha ganhado um presentinho junto com a revista: um álbum de figurinhas do filme. Ela foi seca ler o que o álbum contava sobre a história. E eu, mais que rapidamente fui procurar o livro na estante. Abençoada biblioteca de casa. E sorte dela ter um irmão mais velho que adora ler.

Fiquei mostrando a capa e as ilustrações para ela, mas percebi que o texto ainda estava um pouco difícil para ela ler sozinha. Não queria que ela perdesse o entusiasmo de descobrir mais a respeito da história então não tive dúvida. Propus que o lêssemos juntas. E foi maravilhoso! A história é divertida mesmo, muito bem-humorada e, melhor de tudo, muito bem escrita. O vocabulário é rico e há muitas palavras novas para a Luísa. Eu não fico parando toda hora para explicar vocabulário, mas de tanto em tanto ela me pergunta "o que é tal coisa?" Glória aos deuses inspiradores de autores para crianças que acreditam em usar palavras grandes e complicadas. Ontem o grande assunto foi a palavra "exílio", para onde os meninos-vikings que não conseguissem roubar seu dragão seriam mandados porque afinal de contas... "não existem falhas entre os cabeludos da tribo Hooligan. Só os fortes fazem parte". Já vi que a conversa sobre o livro vai longe...

Sei que não vamos conseguir terminar de ler o livro antes de ir assistir o filme, mas não tem problema.  Ela já percebeu, por causa do álbum e das sessenta páginas que lemos ontem, que existem várias diferenças e já começou a comparar.  Acho que assistir ao filme vai servir de incentivo para ela querer terminar de ler o livro.  Eu, com certeza, vou querer!

P.S. Tenho que confessar que quase peguei o livro para ler mais antes de dormir ontem.  Adoro histórias de dragões!

Site da Cressida Cowell
http://www.cressidacowell.co.uk/